quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

2 steps back – Australia on the Road

A Primeira Road trip pela Austrália foi programa ao bom estilo Catarina, 
leia-se última hora.

Cheguei a casa num dos últimos dias da última semana de trabalho antes das férias de Natal e pensei – tenho 2 semanas de férias, é Verão, estou na Austrália, nem pensar que fico em Sydney sem fazer nada. Comentei este meu pensamento com a Nuria, uma das minhas room mates e nuestra hermana, ela concordou totalmente comigo, e disse que só tinha de trabalhar quinta (23 de Dezembro, dia que eu também tinha de voltar para almoço de Natal com a minha tia) e 3 segundos depois estava cada uma no sei computador a procurar voos para a Gold Coast. 30 minutos depois percebemos que isto da espontaneidade fica caro, e todos os  voos já estavam ao preço do pão em tempo de fome. Depois de uns minutos de desilusão eu trouxe a esperança de volta com – “ Nuria e se alugássemos uma van? Vamos Domingo de manha cedo e voltamos quinta-feira.”
Estávamos de volta às buscas, agora por uma van que tinha de ficar mais barata que os voos e a estadia ou não compensava. Vimos e ouvirmos muitos – “Muito em cima da hora” , “Estão esgotadas”, “Têm de alugar pelo menos 10 dias” -  mas passados 2 dias, encontrámos a Barry White (nome pelo qual é carinhosa chamada pelo seu dono, e agora percebemos porque, mas explico mais à frente) no Gumtree (o site que tem tudo). Feito o contacto, e depois de ver que não era aldrabice reservámos a van e estávamos prontas para 5 dias nas estradas Australianas.
Depois de toda esta busca a Nathi (uma amiga da Nuria e Cristiana) decidiu juntar-se a nós.  E após hesitações de é uma van para 2 e vamos 3, e se aparece a policia. Os prós fica mais barato e é mais uma pessoa a conduzir ganharam e lá fomos as 3.

A Viagem
Depois da festa de sexta e da festa de Sábado, Domingo às 8e30 estávamos a pegar na nossa mais recente aquisição automobilística e fizemo-nos à estrada.

A aventura começa então com o conduzir do lado direito e com tudo ao contrário, mas como dizia o nosso querido Fernando Pessoa, “Primeiro estranha-se depois entranha-se” e passados mais ou menos 30 minutos já era a rainha do asfalto do lado esquerdo da estrada. Claro que não sem antes procurar as mudanças várias vezes na porta, tentar por o pisca no lugar onde está o limpa pára-brisas, ir um bocadinho demais encostada ao passeio do lado esquerdo. E ainda meter a primeira em vez da 3a umas vezes, devido ao problema que o Barry tinha, mudanças descaídas para o lado direito, mas nada nos desmotivou, pelo contrario cada coisa que acontecia, pelo menos no primeiro dia era só motivo de gargalhadas.

2horas depois estávamos em Newcastle.
O dia não estava propriamente solarengo, o vento soprava com alguma vontade, e a praia era bonita mas não convidada ao mergulho. O que nos levou a aceitar imediatamente o convite dos amigos da Nuria que vivem na zona, conhecer o Pub local, onde todos os locais se dirigem para confraternizar. Conhecemos a área, a vida nocturna da mesma, dormimos a primeira noite na Van em frente a casa dos amigos, e no dia seguinte às 9h estávamos de volta à estrada, agora em direcção a Port Macquarie. 



Ao contrario de Newcastle, Port Macquarie tinha praias de sonho, e o tempo convidava para tudo, almoçámos em frente à praia e estreamos a nossa vida de campistas, com direito a cadeiras, mesa e sandes de atum (ingrediente principal de quase todas as nossas refeições).
Depois de explorarmos aquela zona da praia e o centro, fomos até uma das praias a não perder por ali – 1 Mile Beach – que como se percebe pelo nome tem praia até perder de vista. 
Andámos pela praia, demos o mergulho das 6h e decidimos ir mais cedo para  Byron Bay, de modo a aproveitarmos mais um dia.
Em Port Macquarie tivemos também a nossa primeira experiencia “Barry estás a ficar velho para estas andanças” e “as meninas também se safam com carros sem a ajuda de meninos”. 
O dono da Van tinha-nos dito para irmos verificando o óleo e a água do motor, e decidimos fazê-lo antes das 5h até Byron e ainda bem que o fizemos, porque o Sr. esqueceu-se de nos dizer que o Barry perdia óleo, e o nível estava bem abaixo do que devia. 
E aqui começaram as questões: “E agora onde arranjamos óleo?”, “Quanto é que pomos?”, “Como é que pomos?” ,“Que marca?”, surgem ainda pensamentos e comentários, “O meu pai ia ficar mesmo orgulhoso de me ver agora!”, depois o pânico “Porque que nunca vi o óleo no meu carro?”, “Porque que nunca fiquei ao lado do meu pai quando ele via o óleo do meu carro?”, “O que eu dava para ter o meu pai aqui”, “Está a ficar tão tarde...” e o desabafo final “Onde é que andam os homens quando precisamos deles?”. Depois disto lá apareceu um homem que nos disse que havia uma loja aberta, que podíamos por qualquer óleo e que se quiséssemos podíamos ir, no dia seguinte, a um mecânico que ele conhecia. Mas no dia seguinte já queríamos era estar em Byron, o problema tinha de ser resolvido nos 30min que se seguiam. 
Fomos então ao supermercado comprar o óleo e aí surge o problema como pomos isto. Aparece outro homem este diz-nos que não percebe nada de carros –  os comentários foram "tanto homem tinha que nos aparecer um que não percebe de carros "– resolvemos a situação virando um bocado de óleo no motor e limpando com toalhitas (Girl style) - ao fim disto, perdemos 2 horas de viagem, ficámos a tempo do pôr-do-sol, aprendemos a ver o óleo e a água e a repor os mesmos, portanto no final, o saldo é positivo.


 


Seguimos para Byron Bay, num longa e chata viagem, depois de km de estrada com apenas 2 faixas (chamam auto-estrada a isto por aqui), 2 cafés, umas 3 paragens, muitos camiões, estações de rádio manhosas, clássicos musicais e 5h de viagem por volta das 3 da manhã chegámos ao destino e estacionámos em frente à praia ao lado de outras tantas vans e dormimos para recupear energinas para o dia seguinte.

Por volta das 8e30 acordámos numa sauna, e assim que abrimos a porta pensámos ter uma miragem. A praia a 2 passos de distância era o sonho da viagem, e a primeira coisa que fizemos foi colocar os biquínis e correr para a água, que com os cerca de 28º que se faziam sentir às 9 da manha se adivinhava óptima.

Refrescámo-nos e decidimos ir até outras praias da zona, não menos apetecíveis que a primeira como podem ver pelas fotos. Mas não sem antes acontecer algo que se iria repetir durante toda a viagem e para o qual nunca arranjámos uma explicação.

Quando voltámos do mergulho abri a porta do lugar do motorista para abrir as outras portas, e ao que parece toquei no volante, mas é o normal quando se está no lugar no motorista. 
Mas para o Barry, uma van tão especial como a nossa, tudo o que se considera normal num carro não o é para ele, e no momento em que eu toquei no volante, a buzina começa a apitar, e ninguém a conseguia parar, isto às 9h da manha num parque de estacionamento cheio de outras vans. Claro que todos a nossa volta ficaram a olhar e a pensar que éramos loucas, passados 3 segundos e após verem o meu ar de pânico e mãos no ar perceberam que louco era o carro, e o olhar de estranheza passou a gargalhada geral. 
Uns rapazes que estavam no carro ao nosso lado já estavam a abrir a outra porta para me ajudarem quando o Barry se calou, mas estava aberta a porta para toda uma nova experiencia. Este acontecimento sem explicação repetiu-se várias vezes, e escolhia sempre os locais e horas mais apropriados. Acontecia quando fechávamos a porta com um pouco mais de força, quando íamos no meio da estrada e até aconteceu sem ninguém tocar no carro, quando uma vez estávamos a chegar e ouvimos uma buzina, olhamos todas umas para as outras e dissemos em uníssono  NÃOO, e sem dizer mais nada corremos para o carro, para tentar calar a buzina. ahah Percebemos então o porque do nome Barry White, pois tal como ele a nossa van tem uma voinesquecível. 

Após esta pequena aventura lá fomos para a praia, por ali ficámos o dia todo e tivemos a visita de uns golfinhos =) (isto de tubarões na Austrália é um mito, já vi mais golfinhos que qualquer outro animal neste mar). 



 

 


 





Depois deste dia agitadíssimo voltámos para a Van para nós começarmos a preparar para a noite, quando reparamos que toda a gente se estava a instalar à nossa volta, não percebemos o porque, achámos que estavam à espera do pôr-do-sol que devia ser magnifico naquele local ou coisa assim, mas após o por do sol, que foi realmente magnifico percebemos o verdadeiro motivo. Eclipse Lunar, Solstício de Verão =) e pensámos devemos ser as miúdas com mais sorte por esta zona, chegámos no dia ideal e estávamos no local ideal.

Ao fim de muitas fotos, conversas com os vizinhos, e da terra sair do meio do sol e da lua eu vejo um  enorme flash no horizonte e comento, acho que aquilo não faz parte do eclipse! E nisto, as luzes de toda a cidade apagam-se e o pânico instala-se, não porque está escuro, mas porque sem electricidade os bares não podem ficar abertos, e sem bares abertos não tínhamos para onde ir, e ir dormir às 11h da noite não era uma hipótese a contemplar, não na única noite que tínhamos em Byron Bay. Após planos B, C e D, alguém nos diz que o Cheeky Monkey’s, o bar onde queríamos ir, era do outro lado, e nesse lado havia luz. Nesse momento a luz voltou também aos nossos olhares e a noite estava salva.




 




No dia seguinte acordámos  com alguém a bater na porta, eram uns neo-zelandeses que conhecemos durante o eclipse se ofereceram para nos dar umas aulas de surf no dia seguinte, aceitámos mas com o aviso de que dependendo da noite poderíamos não acordar a tempo e com forças para nos fazermos ao mar. Eles aceitaram as nossas condições e combinámos que eles passariam lá de manha batiam à porta e se não nos mexêssemos iam embora, e se quando voltassem ainda estivesse tudo na mesma eles chamariam a ambulância pois devíamos estar derretidas lá dentro. Ouvimos o chamamento mas não tivemos forças para abrir a porta e perdemos uma aula de surf.

Após esta perda a nossa manha começou tal como a anterior, no mar, e fizemo-nos à estrada outra vez, agora para Nimbin, Amesterdão aqui de Sydney com a diferença que aqui não é legal, e aqui é tudo louco. No caminho vimos mais uma vez as belas paisagens australianas e a entrada em Nimbin foi triunfante, com a nossa buzina a chamar a atenção para nós novamente. Depois de fazer-mos toda a vila rir, estacionámos e quando íamos a sair do carro encontramos os rapazes que nos ajudaram com a buzina em Byron, que se voltaram a rir imenso quando perceberam que o que tinham acabado de ouvir tinha sido a nossa buzina novamente. E para eles nós somos as raparigas da buzina ahah


 
A visita a Ninbim foi rápida, visitámos o museu local, almoçámos comprámos uns biscoitos para a viagem e dirigimo-nos para Coffs Harbour, já com a intenção de só lá ficar umas horas, as suficientes para um mergulho, um banho, nos chuveiros da praia  =P e começar a viagem de regresso pois só nos restava uma noite. E foi isso que fizemos. 
 

 

 


Às 21h estávamos outra vez em Port Macquarie e percebemos mais uma vez como os restaurantes Australianos não se adaptam aos nossos horários, pois o único sitio que encontrámos para comer foi o Subway e mesmo nesse fomos despachadas.

No dia seguinte às 6 da manha acordámos debaixo de chuva e calor, e pensámos ainda bem, pois assim custa menos dizer adeus, e fizemo-nos à estrada de volta a Sydney. 
Apanhámos um belo transito, e percebemos que na véspera da véspera de Natal há transito no mundo inteiro, chegámos a Sydney por volta das 2h, entre deixar a Nathi na cidade e chegar a Manly, para entregar o Barry de volta ao seu dono, passou-se mais uma hora e meia, enganamo-nos no caminho 2 vezes porque o belo GPS, que nos salvou a vida durante toda a semana, decidiu ficar louco no meio da cidade, pusemos gasolina uma última vez, e a nossa buzina envergonhou-nos uma última vez, pois não poderíamos deixar Sydney sem dar um ar da nossa graça, e a buzina não nos podia deixar sem se despedir mais uma vez.

E assim terminou a grande semana antes do Natal na Austrália, e a primeira Road Trip por aqui.
O Barry apesar de todas aquelas aventuras que nos fez passar foi um óptimo companheiro de viagem e será lembrado para sempre.

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